quinta-feira, 23 de outubro de 2008

»Arquivos Passados«

Segundo semestre de 2007 eu escrevia...

"Estou parando de roer minhas unhas. Talvez um dia eu até pare de beber. E esqueça.

Páro com essa auto-mutilação, esse canibalismo selvagem, vício primeiro por dois motivos: um sou eu, o outro, você. Nada mais óbvio. Mas não pense que é fácil! Roer as unhas faz parte de mim desde que me conheço por gente, mas desde que te conheço, a coisa tem piorado. A sensação quente que é roer as unhas, de sentir-se afoito, de suar frio. Ah!, roer unhas: as palpitações, os olhares, o pavor, a alegria. Essa força que aperta o coração, que iguala rei e escravo, que torna servo o patrão, que derruba o mais forte vilão.

Nesse misto estranho de ousadia e ingenuidade, na ansiedade que enforca, roer as unhas tornou-se praxe. E desse pequeno ato, surgem outros: mexer nos cabelos, olhar o céu, sorrir por nada, temer o amanhã, sentir saudades.

Mas é por isso que devo parar de roer as unhas. Não são nutritivas e sujam o chão. Preciso limpar de minha mente o desejo irrefutável de possuí-las, fazer de tudo para que a vontade permaneça em seu devido lugar, protegido pelo bom senso. Mas é vício... E largar de um vício não é fácil.

Não consigo parar de pensar nelas. A angústia de as querer novamente tocando os lábios, O tempo gasto a idealizar, a sonhar, a cantar. Isso sempre para ela. Ah!, unha, o pequeno motor 2.2 bate forte quando lembra daquele brilho perolado, daquela ginga brasileira e do sabor de bala de morango. Descontrolado e sem rumo a droga consome e pega desprevinido. Você está apaixonado.

O roer das unhas."

Agente tem que lidar com o vazio... Mas isso é pra outra hora...

Nenhum comentário: