quarta-feira, 29 de outubro de 2008

»Meu livro«

MSN... janelas azuis piscando no meu computador.
Pausa.
Lembranças.
Não tenho pra quem contar isso. Sabe, já não consigo mais guardar os meus segredos, aqueles que mantive guardados. O problema é que não são somente meus.
Pausa.
Apaguei um deles...
Penso em tantos... Eu poderia escrever um livro. E aliás é isso que vou fazer. E começo agora...


Janeiro. Verão na cidade dos estudos.
O sofá mexia como as núvens e você parecia um peixe verde. Ficou a conversar com o amigo, um entre os tantos moradores da casa, praticamente um alberque. Estava completamente sem condições.
Ninguém imaginara que aquilo pudesse acontecer.

Jovem e de cabelos cacheados, Duda pegara o microfone, pronto para, como sempre disse, "recitar" sua nova composição. A guitarra simplesmente derretia entre seus dedos. As distorções e os harmônicos geravam ondas de insandecidos uivos, gritos de delírio no rústico bar próximo a sua casa. O estado chegava perto do transe. Afirmava de pé junto que costumava sair de seu corpo enquanto dedilhava. Muitos não duvidavam.
O repertório era eclético: Raul, Doors, Pink Floyd, Chico, Toquinho, Zeca, Zé. Sempre tocava alguns improvisos; o lado jazz fusion enrustido. Eram os costumeiros noventa minutos, fora os pedidos de bis. No início da última canção os olhos fixaram-se.
Suor, vasoconstricção, aumento dos batimentos cardíacos, dilatação das pupilas e brônquios. Dizem que a adrenalina faz com que o corpo esteja preparado para qualquer reação, agressiva ou não. Mas naquele momento ele só queria ressuscitar.

Mesmo com a lábia, mesmo com os anos de ralação e relação (sofridos, é claro), estava sem palavras. Quem era? E por que ficara assim? O dia era chuvoso e os raios faziam as luzes piscarem com certa frequência, parecendo Frankstein de James Whale, aquele de 1931. Mas isso não fazia diferença, mesmo porque cinema não era uma carreira promissora, muito menos musicista.
Estava atônito.


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