quarta-feira, 22 de outubro de 2008

»É a vida! Fazer o quê!«

Terça-feira, 11 de setembro de 2007 eu escrevia...

"O canto do sabiá me lembrou do tempo que ouvia com gosto, falava com parcimônia, observava com atenção. Trejeitos de uma pessoa que não tem muito a dizer. As palavras um dia fluiam como rios incandescentes de lava. Temperaturas emocionais, borbulhas de lágrimas e caminhos de risos. De uma forma sagaz como só, dedos e lábios roçavam sobre os corpos delirantes da vida. As carícias perpétuas que provacam arrepios, tremeliques, suspiros. Sussurros ao pé do ouvido meu, que me deixam mole. Paredes intermináveis de concessões e empecilhos, regras e morais. Tudo que queria era meu tato, fazendo verter rios de sangue dentro das coxas grossas. O pulsar incessante que sinto tocando seu centro. Ouvir o tambor como ouço a repiração forte. Antes sentir do que saber que tudo perdeu o controle; o controle que deve se perder. Das mãos, dos pés, dos cabelos para trás. Das palavras miúdas, dos movimentos suaves, dos sentidos bruscos. Da lembrança do frio cervical.

Foi-se o poeta das palavras simples, melódicas, rimadas. Fez-se agora como a noite fez-se do dia. Das mesóclises que argumentava, das próclises choradas. Do escuro que as pálbrebas fazem ao puxar do cabelos. Força. E dessa toda ação, a querida reação. Corpos juntos, graças ferventes. Lábios abertos a proferir o mantra adocicado aos ouvidos, inferindo o sentido necessário a todo vetor.

Beija a palma da minha mão e manda um sinal de vida. Toca meus ombros como piano, dedilha meu jeito como violão, cerre os olhos e sinta que o rio está a correr a sua volta. Grita o prazer, graça parecer. Apenas relaxe, deixe a velha escarlate cuidando de sua atração e aproveite.

Da ressurreição atrós de um pássaro, dos oceanos e seus sais interminávies. Dos grandes estáticos verdes a exalar maravilhas, das chaminés caducas que governam. Do negócio, do sócio, da confiança em mim. Das peripécias de seu jardim florescendo, tal como não queria. Do amor que percorre.

Eu a amo

Morra de inveja."


Quarta-feira, 12 de setembro de 2007... Eu recebia um maravilhoso email.

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