sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

»Sexagésima Divagação: Plantando Flores«

Foi plantando flores que conquistei minha linda borboleta de olhos clarinhos. Me rendeu mel também, muito mel. Um trabalho lascado para tirar as ervas daninhas, putz...

Mas eu fui relaxando... Deixei mato crescer, capim se alastrar. E as abelhas se foram... As rosas morreram e a borboletinha foi embora. Me deixou triste, triste.

E aí eu fui ficando triste. Cada vez mais triste. O capim fez sombra pra eu esconder-me de mim mesmo. A tristeza se alojou, como um cupim na madeira, comendo tudo.

Deixei triste mais gente. E mais gente...
E mais gente.

Sem flores o quintal ficou feio, ninguém mais olha para ele. E com esse monte de capim, sem mel. Sem mel, tudo ficou tão amargo.

Fui indo cada vez mais pro meu casulinho. O duro foi que eu não virei o que gostaria.

Preciso cortar as ervas daninhas, tirar o mato.
Espero borboletas em meu jardim.
Quero o doce do mel, para isso, abelhas.

Para isso eu levantei.
E fiz força.

Com vontade e com orgulho, sem vergonha de dizer que chorei e cai.
Sem medo de admitir que deixei o capim crescer e que descuidei das rosas.
Hoje eu renasço.

Incorporo quem a muito eu não incorporava. E choro pelo saudosismo gostoso da molecagem de ser livre, ser fogo, ser imortal. Pois hoje renasço como quem renasce das cinzas, do pó.

Hoje me faço phoenix.

Hoje começo a plantar flores em meu jardim.

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